- Ana Andreiolo
Desenhos de ausentes
Tantas foram as vezes que olhei por uma hora a folha em branco até que o foco a fizesse sumir e levantei-me da cadeira sem nenhum risco de que iria voltar a sentar ali.
Esse mesmo papel acumulou espectros e orgânicos.
Há muito tempo que não arrasto as linhas, mas os seres invisíveis fazem o desenho sem mim.
Há criaturas que não se conformam com a ausência, se alastram e desenham manchas orgânicas, invasoras e deixam indícios de vida.