Se houver alguma coisa trêmula
que não seja minha mão,
nem minhas pernas,
mas meu cabelos.
De tudo me desfiz,
o vento foi o que restou.
Nesta onda colossal de ar
me seguro pelos dedos dos pés
agarrados ao chão trepidante.
Estou no vagão aberto de um trem
que voa sobre trilhos.
Se deixar-me entrar e (as)sentar
perco o vento.
Parada com a boca bem aberta,
quem corre é o trem,
faço digestão do ar
e dos pensamentos trépidos.
Qualquer coisa que treme
deixa vestígios.
Trincamos
aglomerados de montanhas
para correr túneis.
Isto diz muito sobre nossa natureza,
que não é ser vento.
Sempre será um ato radical
conter a invasão (territorial dos nossos corpos).
Nota celeste: Uma lua cheia vendaval, invasora, passageira no 16º grau de Libra, dia 6 de abril de 2023.
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