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  • Ana Andreiolo

Pei utupë. Saí para saber de você.

Sem nenhuma atividade cerebral relevante, levantei-me às 7h30 e pus meus pés no chão úmido do banheiro. Fitei com olhos arenosos o Lorenzetti virado na chave 1 e girei a torneira.


Foi a gota d’água que escorreu pelo ombro que trouxe a memória involuntária da cena em que perdi o guarda-chuva na rua: corri para me abrigar e por uma porta de madeira cheia de pregos adentrei um corredor estreito. Segui com aperto, emparelhada por paredes chapiscadas e leve cheiro de mofo até que a treliça de mogno interrompeu meu caminho. Por trás das brechas espiei você em sua veste preferida, camisa social azul clara, com bolso e mangas curtas.


Os Ianomami já tinham dito que para saber verdadeiramente sobre uma pessoa é preciso se esforçar para sonhar com ela. Ali deitada, viajei para um mosteiro, um lugar desconhecido e distante, só para saber de você.


Foi a primeira vez que te vi depois do dia 12 de setembro.


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